terça-feira, março 04, 2014

Bola gigante de sentimentos

     Sabe aquela sensação de estar perdida entre caminhos conhecidos e ao mesmo tempo desconhecidos? Isto é eu, percorrendo milhas e milhas em meus pensamentos, encontrando pseudo soluções para problemas imaginários, respostas para situações que não aconteceram, desculpas contraditórias para meus atos descompassados, perguntas formuladas que eu sei que nunca encontrarei uma resposta certa, pois a única pessoa que poderia ser capaz de responder está muito longe daqui, e mesmo se estivesse perto, preferiria ficar com esse amontoado de dúvidas e cortes do que olhar para seu semblante patético.
     Tanta coisa aconteceu desde que eu parei de me refugiar em minhas palavras, que eu não sei mais colocar ordem em todas essas frases desconfiguradas que se passam em minha cabeça. Na verdade, nunca entendi o motivo principal desse afastamento repentino de umas das únicas coisas que me fazia sentir conforto. E agora tanto faz, não vou patrulhar em becos escuros do meu consciente através de respostas, pois sei que encontrarei marcas das quais não quero sentir a dor novamente, e bem, eu já tenho marcas suficientes para cicatrizar no presente.
     Sinto meu coração pulsando tão forte em meu peito que as vezes acho que ele irá sair pela boca, mas em momentos, sinto um buraco tão imenso e tão frio que chega arrepiar minha pele. Nesses últimos meses, encontrei tantos pseudo amores, e acho que foi isso que me enfraqueceu. Me sinto uma bagunça ambulante, e toda vez que tento organizar, bagunço mais ainda. Chega uma hora que cansa se doar, cansa por a cara pra bater, cansa ver as coisas darem errado.  E essa hora já chegou faz tempo. Confesso que não sei o que fazer, na verdade até sei, sei que fazer uma limpeza e retirar todas as bagagens desnecessárias é o melhor, mas sinto uma pontinha de medo, medo de se arrepender, medo de por coisas foras e amanhã sentir falta.
      Tem tanta coisa entalada aqui dentro, que parece que se eu gritasse aos quatro ventos tudo isso até ficar sem voz  ainda não seria suficiente. Tem tanta coisa me engasgando diariamente. Tem tanta coisa mal resolvida para se resolver, tantos sentimentos esquisitos aglomerados formando uma bola de neve gigante.
       Tem tantos sentimentos incompletos que eu não sei o que fazer com eles. Tem angústia, tem raiva, tem dor, tem arrependimento, tem tudo isso e mais um pouco, tudo misturado. Tento desenrolar, separar um por um, mas é um ''trabalho'' cansativo que acaba me desgastando ainda mais. 
       A verdade é que a causa de tudo é isso tem um nome específico, um sobrenome específico. Você chegou de mansinho e quando eu vi já havia quebrado minha barreira protetora de gelo. E eu deixei, eu confiei, eu criei expectativas e em menos de três meses tudo se fora pelo ralo, e eu me vi em crise, com um coração despedaçado novamente. E já se passou cinco meses, e não tem um único dia sequer que alguma lembrança tua não surja em meus pensamentos. Eu sinto tanta falta, como eu sinto, só eu sei. Eu saí, eu fiz festa, eu bebi, eu conheci outras pessoas, mas toda vez que eu chegava em casa e deitava a cabeça em meu travesseiro, era seu cheiro que eu queria sentir. Era seus braços que eu queria que me acolhessem. Era você. 
       Mas, toda vez que eu sinto sua falta, eu me lembro tudo o que você me fez, toda a dor que me fez sentir e a saudade já não é mais saudade, é um sentimento transitório entre o vazio e raiva por estar perdendo meu tempo pensando em você.
       O problema é que eu crio expectativas em cima de castelos feitos sob areia movediça. Eu confio demais. Eu espero demais.
       Estaria feliz se fosse só isso que tumultuasse meus pensamentos. Há tantos pequenos sentimentos que eu cultivei nesses últimos tempos. Sentimentos que são confusos até pra mim, por isso eu deixo ali, deixo a bola de neve quieta. Sei que preciso desfazê-la, e estou fazendo aos poucos. Aos poucos vou me livrando dessas bagagens, uma por uma, parcela por parcela.