domingo, julho 20, 2014

Transparente

“Ninguém nunca me viu tão transparente como você, ninguém nunca soube do meu medo de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente.”
— Tati Bernardi.

Perdi as contas

Faz semanas que venho fugindo das palavras, como de costume. Faz tantos dias, que me perdi nas contas. Mas as vezes, me pego pensando em teus olhos verdes e profundos, tão profundos como um abismo. E foi nesse abismo que eu cai em queda livre. Se fosse apenas os joelhos ralados, já estariam curados, pior é o coração, que se transformou em tantos pequenos pedaços. E cada um desses pedaços é afiado, porque tantas vezes já tentei colar os pedacinhos e me cortei mais ainda. Ai eu encarreguei o tempo de transformar esse amontado de cacos em um coração de verdade de novo.

Posso afirmar que já não dói mais como nos primeiros dias. Mas dói lembrar que nos primeiros dias eu estava sem chão, e só de lembrar da dor que eu senti, meu coração aperta. Hoje, há um vazio. Um vazio fundo. Não sinto tua falta. Não sinto vontade de estar em seus braços, mas quando eu lembro como era bom estar lá, minha voz falha, e meus olhos quase lacrimejam, mas tudo isso em uma fração de segundos, e logo o frio cortante se aprochega e a saudade se torna vazio. 

Tudo que um dia eu cheguei a cultivar se foi. E isso inclui o respeito também. Eu sei que a culpa é totalmente minha em ter me machucado. Mas você, você e suas palavras doces. E eu achava que eram verdadeiras. E depois eu vejo que tudo não passou de seilá, um jogo, uma diversão, um passa-tempo. 

segunda-feira, julho 07, 2014

Quando havia dor

“Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora.”
— Caio Fernando Abreu

Mesmo quando param de doer

“A ferida, eu sabia, demoraria um pouquinho para cicatrizar, como acontece com todas elas, as do corpo e as da alma, mesmo quando param de doer. Naquele dia, entre tantas emoções, experimentei uma terna gratidão pela perspectiva de cura e pela capacidade que a vida tem de se renovar, mesmo quando passa um bocado de tempo doendo. Para minha surpresa, um pouco mais tarde, depois de uma chuva fina, o sol voltou a brilhar lá no céu. Eu sentia que o meu sol também voltaria a aparecer, embora fosse provável que ainda demorasse algumas nuvens…”
— Caio Fernando Abreu

domingo, julho 06, 2014

Apenas mais um semblante

  A teoria nunca me sustentou. Sempre acreditei na prática, pois é ali que a gente vê como tudo acontece, como tudo é. E com o amor não é diferente. Sempre tive que cair e ralar os joelhos e o coração para acreditar com meus próprios olhos que a situação presente não era boa pra mim. E tive que re-aprender a me equilibrar. Como diz a vida, a gente cai sete vezes e levanta oito.
  A verdade é que já faz alguns dias, bem, não me lembro o número exato de dias que você se foi. E isso já não faz mais importância. Confesso que nos primeiros dias achei que a dor se tornaria constante dentro de mim por semanas a fio. E sabe que eu me enganei? Não digo que não sinto saudades e não penso em ti. Mas a vontade de te ver, de contar como foi meu dia, em sentir teu cheiro em mim e o calor dos teus abraços, tudo isso ficou encaixotado lá trás.
   No lugar do carinho que existia por ti, ficou o vazio brando. As vezes me pego pensando em ti. Mas as lágrimas não correm mais. Ainda estou triste com tudo que aconteceu, porque essas últimas semanas foram desgastantes e dolorosas. Mas estou de pé. Estou sorrindo. Estou seguindo minha vida. E sei que quando te encontrar meus olhos não vão brilhar mais, e tu se tornarás apenas mais um semblante na multidão de alunos que tumultuam a faculdade.

sábado, julho 05, 2014

Amor não se implora

“Eu quis espernear, gritar “Fica pelo amor de Deus!” Mas desde quando a gente pede uma coisa assim? Desde quando a gente tem que implorar pra alguém ficar? Mesmo que a vontade inunde nossa alma, e a certeza da falta destrua nossas vontades, amor não se implora.”
— Tati Bernardi

Universal

“Virei pedra e entendi porque a solidão é a experiência mais universal de todas. A solidão é muito sacana. Num dia, ela te deixa eufórico, pensando nessa liberdade possível de não dever satisfação a ninguém e nessa possibilidade infinita de realizar todas as tuas vontades. Mas, no outro dia, a solidão te dá uma rasteira daquelas bem dadas. E te faz cair na real. Tu estás só feito um cão de rua, meu filho. Ninguém te ama, ninguém te quer, ninguém te conhece, ninguém tem acesso à tua alma. Tuas neuras são só tuas, e parece que nada nem ninguém preenche esse vazio.”
— Caio Fernando Abreu.