E mais um dia chuvoso teve seu fim.E eu continuo aqui, a observar o céu negro.Não há nenhuma estrela. Até a lua se escondeu. O vento gelado, uiva furiosamente. Fim de Julho se aproxima.Suspiro. Faz exatamente um ano desde que você saiu da minha vida.Ainda lembro bem,como se fosse ontem. Era fim de tarde,estava observando o vento furioso contra as árvores, quando meu celular vibrou. Era mensagem, com número desconhecido. " Se eu fosse você, iria ver com seus próprios olhos o que seu namorado faz. Sabe aquele banco, na montanha ? vai lá agora.". Achei besteira.Dei risada da mensagem. Resolvi ligar pro Ian, caixa postal.Estranhei. Tentei novamente. Caixa postal. Fiquei nervosa. Mesmo sabendo que ele não estaria fazendo nada de errado, quis ir lá na montanha, afinal, fazia tempo que eu não ia lá.Uma voz em minha cabeça zombou de mim, " boba, não tem confiança nele é ?", balançei a cabeça, como se fosse adiantar. Aquela maldita voz não ficava queta.Liguei meu ipod,e tentei me distrair. Chegando lá em cima, senti um arrepiu percorrer meu corpo, respirei fundo,e continuei caminhando.Quando me aproximei do bando, meu corpo tremeu, só podia ser brincadeira. Não, não, não era verdade.Custava acreditar no que meus olhos estavam mostrando-me.Gritei "nãoo",e Ian me olhou assustado. Ele levantou do banco rapidamente e tentou se explicar " Ju, calma, não é o que você está pensando", as lágrimas escorriam sem parar em meu rosto. Resolvi olhar quem era a pessoa que estava com ele. Não,não podia ser.Limpei as lágrimas com a manga do meu moletom, olhei novamente. Meus pés vacilaram. Não podia ser a Bruna. Não, minha melhor amiga não poderia estar fazendo isso comigo, não ela, cravei as unhas em minha mão, as lágrimas voltaram a cair.Bruna estava chorando também, me olhou, e entre soluços falou:
-Ju,eu não queria,Ju, não é o que você está pensando, por favor, desculpa,desculpa,
Não conseguia ficar de pé, minhas pernas tremiam, cai ao chão, e fiquei lá, olhando para os dois, á minha frente. Ian tentou me levantar e eu gritei" me solta, tira as mãos de cima de mim".
Respirei fundo, acho que umas três vezes, e por fim falei:
- A quanto tempo ? a quanto tempo vocês vem fazendo isso ?
Bruna falou rapidamente " foi a primeira vez", Ian baixou a cabeça.
Ian, chamei-o, hoje foi a primeira vez ? olhei no fundo dos seus olhos.
Ian sustentou meu olhar por alguns segundos, depois baixou a cabeça, e com um leve susurro respondeu:
- Há 2 mêses.
Olhei pra baixo. Meu coração estava em chamas. As lágrimas não cessavam.Fitei o chão por longos minutos. O silêncio me acalmava.
Bruna acabou com o silêncio e falou:
- Ju, para, tua mão!
Olhei para minha mão, e lembrei que tinha cravado as unhas ali, minhas unhas estavam fundo em minha mão, e o sangue corria. Não me importei. A dor do meu coração era maior do que qualquer sangue que podia escorrer agora. As vozes não se calavam, " ele nunca te amou, ele nunca te desejou, ele sempre quis a Bruna, você está sobrando querida". A raiva formigava em minhas veias, levantei, e fui caminhando, até a ponta da montanha, olhei para baixo, senti o frio tomar conta do meu corpo. Ouvi atrás de mim Ian dizer :
- Ju, volta, por favor.
E quando ele segurou meu ombro, eu me joguei, montanha a baixo.E não lembro de mais nada.Até que acordei no hospital. Meu olhos custavam a se acostumar com a claridade, e Bruna estava do meu lado, segurando a minha mão. As cenas do ocorrido embaçaram minha mente.O que ela estava fazendo aqui ?. Tentei falar, mas minha voz não saiu.Tentei novamente, consegui, disse:
- Sai daqui, sai d a q u i !
Bruna sorriu e disse:
- Calma Ju, você se salvou de um acidente horrível,devia estar feliz.
Bateram na porta, era a enfermeira, trazendo o almoço
- Juliana! que bom que você acordou. Você precisa se alimentar. Daqui a poco venho ver como você está.
As vozes tomaram minha mente, " mate-a, ela acabou com o seu grande amor, mate-a!"
Peguei a faca, que estava junto com a comida, e cravei no seu ombro.Ela gritou, a porta abriu, e Ian e minha mãe estavam me olhando, apavorados.
Minha mãe falou:
-Ju, larga essa faca,
Fitei Ian por longos segundos.Depois olhei a faca em minhas mãos.Olhei minha mãe aflita me olhando. Abaixei os olhos,e quando fui largar a faca, peguei-a com mais força,cravando-a em meu pulso.